Não nos é possível precisar as circunstâncias e data da “súbita conversão” de Calvino: contudo, as evidências apontam para um período entre 1532-1534. Devemos estar atentos também para o fato de que a vida de Calvino, mesmo antes da sua conversão, não fora marcada por um comportamento dissoluto e imoral – já tão comum nos jovens de seu tempo -, antes, a sua conversão, como observa Schaff, “foi uma transformação do romanismo para o protestantismo, da superstição papal para a fé evangélica, do tradicionalismo escolástico para a simplicidade bíblica”.
Crê-se que o seu primo Olivétan – ainda que não isoladamente – teve uma participação importante na sua conversão ao protestantismo. Lembremo-nos de que Calvino não é muito pródigo ao falar da sua vida. No que se refere à sua conversão em 1539 diz:
“Contrariado com a novidade, eu ouvia com muita má vontade e, no inicio, confesso, resisti com energia e irritação; porque (tal é a firmeza ou descaramento com os quais é natural aos homens resistir no caminho que outrora tomaram) foi com a maior dificuldade que fui induzido a confessar que, por minha vida, eu estivera na ignorância e no erro.
Na Introdução do seu comentário de Salmos (1557), diz que: “Inicialmente, visto eu me achar tão obstinadamente devoto às superstições do papado, para que pudesse desvencilhar-me com facilidade de tão profundo abismo de lama, Deus, por um ato súbito de conversão, subjugou e trouxe minha mente a uma disposição suscetível, a qual era mais empedernida em tais matérias do que se poderia esperar de mim naquele primeiro período de minha vida”.
Também na já citada carta ao Cardeal Sadoleto (01/09/1539), Calvino descreve as suas angústias espirituais no romanismo, resultantes do que a igreja pregava. No entanto, em nenhum momento, Calvino menciona o instrumento humano usado por Deus.