No dia 10 de Julho de 2008 João Calvino completaria 499 anos. Ele é o nosso mais ilustre desconhecido. Ouvimos falar dele e de sua obra, mas sempre em citações passageiras e que muitas vezes descobriram-no como a pessoa que foi. Minha primeira impressão sobre ele era que fosse um homem brilhante, mas inflexível e rígido demais quanto a seus princípios; um professor muito inteligente, porém de difícil relacionamento. Contudo, ao vê-lo mais de perto, descobri que foi tanto brilhante como piedoso. Calvino é um exemplo de fé cristã para nós. Ele nos dá exemplo que precisamos aprender e seguir.
O período que viveu com exilado em Estrasburgo (1538-41) retrata bem para nós quem foi João Calvino.
Calvino foi um pastor: Pastoreou refugiados franceses na pequena igreja de S. Nicolas, situada junto ao muro sul da cidade. Celebrava o sacramento da Ceia, dedicava-se à visitação pastoral e pregava quatro sermões semanais. Traduziu vários salmos para a métrica francesa para serem usado no canto congregacional. A igreja era pequena, mas cantava alegremente sob o seu pastorado.
Calvino foi professor: Tornou-se conferencista das Sagradas Escrituras na escola secundária local, onde dava palestras três vezes por semana. Além disso, dava aulas particulares e advogava nas horas vagas. Seu salário era um florim semanal, que recebeu a primeira vez com seis meses de atraso, o que também o forçava a vender parte de seus livros para sobreviver.
Calvino foi um escritor: Reeditou e ampliou as Institutas em agosto de 1539, e em 1541 editou a sua primeira tradução francesa. Publicou o Comentário aos Romanos (1539). Outros três trabalhos desse período são muito importantes: A Resposta a Sodoleto, o primeiro tratado apologético da Reforma Protestante, que foi responsável por sua volta a Genebra em 1541. A Forma das Orações e Hinos Eclesiásticos (13 hinos), direcionados à liturgia, constava da metrificação de Salmos. Calvino acreditava que acima de tudo era importante cantar a Palavra. O Pequeno Tratado Sobre a Ceia, como o seu primeiro esforço por chegar a uma posição intermediária entre a posição memorial de Zwinglio e a consubstanciação de Lutero quanto à presença de Cristo na Ceia.Calvino foi um estadista da Igreja: Participou junto com Bucer e Capito, (reformadores contemporâneos) de várias tentativas para unificar os protestantes alemães e suíços. Inclusive encontros entre católicos e protestantes, visando a unidades em Frankfurt, Hagenau e Worms. Desses encontros nascera, sua amizades com Filipe Melanchthon (luterano) e suas inúmeras correspondências com Bullinger (zuingliano). Desistiu de encontros com católicos após 1541 quando percebeu a inflexibilidades católica quanto a seus dogmas e doutrinas não fundamentadas nas Escrituras.
Calvino foi marido e hospitaleiro pai de família. Casou-se com Idelete de Bure, uma holandesa, viúva de um anabatista convertidos à fé reformada por intermédio do próprio Calvino. Ela tinha dois filhos de seu primeiro casamento. Era graciosa, porém de uma saúde muito precária, assim como Calvino também era. Dessa união nasceu Jacques, nascido prematuro e morto ainda antes de completar um mês de vida. Idelete faleceu prematuramente em 1546. Calvino nunca se casou novamente.